Título: Produção de material didático para conto e reconto de histórias: do livro multiformato ao stopmotion.
Resumo: Uma tendência contemporânea é a existência da figura do YouTuber como produtor de conteúdo de vários gêneros em vídeo e em formatos permanentemente atualizados e recriados, e a comunidade surda emergente, em seu vasto consumo em Libras, via internet, websites, blog, Facebook, Instagram, encontra-se dentro deste cenário. Um educador youtuber é uma mistura de roteirista, cinegrafista e produtor de materiais didáticos em vídeo. Esse fenômeno é observado nos surdos e o que mais nos surpreende enquanto formadores de opinião, produtores de conteúdo e educadores-pesquisadores é que há um laboratório criativo de formatos de vídeo que incide naquilo que chamamos de transições, transposições ou mixagens de objetos, e suas migrações de um formato a outro, em sucessivas combinações. Buscamos em nossa experiência como educadores e contadores de histórias surdos e ouvintes bilíngues (Libras, língua portuguesa), dar atenção à forma e aos diversos formatos e suportes com os quais podemos oferecer conto e reconto de histórias. Observamos, em oficinas teórico-práticas, como reconstruir as transformações dessas linguagens dentro do fenômeno da contação de histórias e do contador de histórias em que se transita entre diversos gêneros tais como novelas, esquetes de humor, desenhos animados, e se utiliza de diversas ferramentas de cinema tais como roteiro, filmagem e edição de vídeos. As tipologias e as técnicas usadas nessas oficinas foram Fotomontagem; Stop Motion (clássico); Fotografia sequencial; Stop Motion (mixagem de técnicas). A revisão de literatura passou por Cataldo (2015) e Cardoso (2019) sobre oficinas de animação e stop motion; Souza (2015) sobre cinema feito por surdos; Hoffmann, Teseh e Gnisei (2020) e Cordeiro et al. (2020) sobre o cinema, a televisão e outras mídias; Campello (2008); Lebedeff (2004, 2007, 2011, 2015); Taveira (2014); Nóbrega (2015); Rosado & Taveira (2022, 2023) sobre didáticas de educadores surdos e ouvintes bilíngues na produção de vídeos. O nosso interesse esteve a serviço dos educadores bilíngues desvendando caminhos do conto e reconto de histórias a partir do Shared Reading Project (SRP) ou leitura compartilhada voltada aos surdos. Refletimos desde a criação de livros de histórias mais autorais, pela comunidade surda, passando pela criação de outros objetos que demandam a estruturação de roteiros, direção e edição de vídeos bilíngues e da observância dessas misturas e transições de linguagens. No recorte empírico fomos do universo em papel, tradicional e secular da escola, até o universo digital, mais contemporâneo e afeito à comunidade surda, mas sem desprestigiar um ou outro já que lidamos com a característica artesanal utilizada no universo escolar. Para tanto, criamos as oficinas e a testagem das tipologias de animação e stop motion de um Curso de Extensão que levou o mesmo nome desta dissertação, além disso, pormenorizamos as etapas técnicas de uso da ferramenta PowerPoint que é maciçamente usada na comunidade surda nas apresentações de slides, mas que podem ser utilizadas para a finalidade de animação de desenhos. Pesquisamos intercâmbios entre várias linguagens e formatos que beneficiam a técnica da animação vislumbrando que esta é importante para motivar o reconto de histórias na comunidade surda. O uso de ferramentas presentes no PowerPoint, e seus efeitos podem fazer verdadeiras mágicas, aos olhos ingênuos, movimentando personagens na técnica conhecida como stop motion. Deste modo, contribuímos com o campo da Educação de Surdos deixando um tripé de produtos: a oficina de extensão sobre tipologias de stop motion e o passo a passo de animações utilizando PowerPoint; uma história autoral videografada em Libras, dentro dos 15 princípios da SRP baseado no livro-brinquedo em papel que possui a escrita em português; e vídeo de animação Rapunzel Negra em que há a demonstração de uma animação de autoria do autor desta dissertação. A animação no reconto, sem a presença do contador de histórias, que aparece na etapa de contação da história em Libras, mas desaparece na etapa de animação serve de inspiração e de modelo linguístico para que a criança ou o jovem surdo passe a ocupar o espaço vazio por ser a sua vez de narrar e assim constituir-se sujeito leitor.
Palavras-chave: Contação de histórias, Animação, stop motion, Leitura Compartilhada.
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